Alberto Mondlane no 101.º aniversário da Revolta de Báruè: Lutas de resistência devem ser fonte de inspiração

Politica Nacional

OS moçambicanos têm a obrigação de manter vivo o legado histórico da Revolta de Báruè por ter formulado a base para a identidade, unidade nacional e independência nacional.

Esta tese foi defendida ontem, em Catandica, pelo governador de Manica, Alberto Mondlane, nas celebrações do 101.º aniversário da Revolta de Báruè, liderada pelos makombes, súbditos do chefe guerreiro Makombe.

“Devemos buscar, constantemente, a afirmação da nossa cidadania e da nossa identidade nacional a partir da diversidade cultural que caracteriza Moçambique”, disse o governador.

Na ocasião, Alberto Mondlane defendeu que os moçambicanos devem celebrar a revolta de Báruè, buscando inspiração nas lutas de resistência como alicerce para a edificação de uma paz efectiva, factor fundamental para o desenvolvimento do país.

Mondlane considerou que Moçambique é digno do seu destino, porque é uma nação que respeita os seus heróis e glorifica a sua história.

Sublinhou que a nação moçambicana reconhece e valoriza os sacrifícios daqueles que dedicaram as suas vidas à luta de libertação nacional e defesa da soberania.

Por isso, encorajou os jovens de hoje a manterem vivo o legado histórico da Revolta de Báruè. “Nós temos a obrigação de manter vivo o legado histórico da Revolta de Báruè, porque ela serviu de base para a soberania, identidade e unidade nacionais”, disse o governador de Manica.

Recordou que a ocupação colonial não foi pacífica, o que levou os moçambicanos a se aplicarem tenazmente para travar a ocupação colonial do solo pátrio.

“À semelhança de outras lutas de resistência levada a cabo pelos nossos antepassados de outras regiões do país, os makombes foram notáveis, em particular na resistência contra a ocupação colonial portuguesa na zona Centro de Moçambique”, explicou.

Para aquele dirigente, os makombes foram lutadores que nunca aceitaram submissão e a dominação estrangeira, tendo sido alvos de perseguição do regime colonial português.

Lembrou as figuras como Makombe Hanga, Makombe Nongwenongwe, Makombe Macossa, que se destacaram nesta revolta, apelando para a necessidade de os moçambicanos renderem homenagem e reconhecimento a estes.

A revolta teve o seu ponto mais alto quando o governo português decidiu construir uma estrada para ligar Tete e Massequece, passando pelo território de Báruè, com vista a facilitar a colecta de imposto de palhotas.

“E esse trabalho de construção da estrada era alicerçado no trabalho forçado, acompanhado de maus tratos infringidos pelos sipaios aos camponeses. Também houve violação de raparigas virgens, perpetrada pelos agentes coloniais”, explicou Mondlane.

De acordo com o governador, é preciso consolidar a independência, a unidade nacional e a paz que o país vive como valores presentes e para a construção de futuro melhor em todos os tempos e cantos deste país.

“Foi neste contexto que, em Março de 1917, iniciou a rebelião no posto de Mungari, actual distrito de Guro, e rapidamente se alastrou para as formações de Chikunda, em redor de Zumbo, Chikowa e Tonga, em Sena, quando os portugueses já desorientados foram obrigados a se confinarem em Tete”, disse, realçando que a Revolta de Báruè foi o culminar de um longo processo de lutas guerreiras.

Um monumento em homenagem aos makombes foi inaugurado no ano passado em Catandica pelo Presidente da República, Filipe Nyusi.