Conhecidos vencedores da 1ª edição do Mozkis Talents

Cultura

Sala farta de gente. Todos assentos preenchidos. Expectadores de pé. Muitos, atrasados, tiveram que percorrer bons metros da Avenida Samora Machel, ao ritmo camaleónico, expectantes em contornar a longa fila e alcançar a 25 de Setembro, em Maputo. Ali está a entrada do Cine Scala, infra-estrutura tão antiga quanto emblemática, escolhida, com efeito, para ser o palco da primeira edição do concurso infantil MOZKIDS Talents.

Ao fim de seis galas, este domingo à tarde realizou-se a derradeira, na qual cinco concorrentes tornaram-se grandes vencedores: Ámbrosi Langa (dança), Liane e Denilson (teatro), Tanaya Cumbana (instrumentos musicais), Natolys Manjate (poesia) e Inalda Sumburane (canto). Por isso, os meninos foram premiados com aplausos e, igualmente, com lembranças oferecidas pelos parceiros desta iniciativa da SOICO. Para casa, os primeiros classificados levaram uma bolsa de estudo para um curso de artes, um tablet, kit de livros oferecidos pela Alcance Editores, um kit e subscrição de cinco meses na ZAP, um ano com internet grátis e, como aconteceu com todos os finalistas, material escolar. Este foi o reconhecimento de um percurso cor-de-rosa, feito com demonstração de talentos reais, por muitos desconhecidos, daí as crianças terem-se esbanjado em pelo menos manter, na final, a qualidade da performance exibida enquanto o concurso durou. Mais desinibidos, experientes até, os concorrentes não se intimidaram com a enchente. Longe disso, abraçaram a oportunidade de se mostrarem como quem beija a graça de um talento. Aí fizeram o auditório do Scala flutuar numa dimensão ideal, onde as estrelas são feitas de carne e osso, com idades inferiores a 13 anos.

Dos primeiros classificados do MOZKIDS, o primeiro a divertir-se no palco foi Ámbrosi, apreciador e leal ao Hip-Hop. À imagem das actuações anteriores, o dançarino explorou os ares, o chão, fazendo do estilo qualquer coisa de sedutora. Com isso, conseguiu a pontuação máxima do júri e fascinar muitos dos que, fartos de acompanhar o concurso infantil pela Stv, finalmente resolveram ir à Baixa de Maputo para testemunhar as capacidades das crianças. E que capacidades, igualmente personificadas pela dupla mais equilibrada da categoria de teatro: Liane e Denilson. À final, os actores recuperaram a peça sobre meninos de rua. Representaram-na e projectaram os dramas dos que não sabem quanto vale um afecto. E a Tanaya Cumbana? Que dedos mágicos são aqueles da aluna da Willow Internacional School? Desta vez, a menina tocou, no seu teclado, “Despacito”, de Luis Fonsi, sorrindo, de forma ingénua, quando percebeu a vénia a si no Scala.

Mantendo a vivacidade do espectáculo, Natolys Manjate, novamente, foi a princesa da declamação. Como que e a condizer com o que vai sentir agora que o concurso terminou, recitou “Saudade”, com a mensagem dos gestos a dizerem mais alguma coisa, imperceptível, sem que esse fosse o problema. Não. Não houve nenhum problema, nem durante a declamação e tão-pouco quando chegou a vez de Inalda Sumburane. A vencedora da categoria de canto interpretou Mandy More, num tema recuperado numa das galas passadas. A pequena ficou grande, e engrandeceu-se através da sua voz.

OS TALENTOS ALÉM DOS GRANDES PREMIADOS

Quinhentas crianças tentaram, durante o casting, uma vaga à primeira edição do MOZKIDS Talents. 100 conseguiram convencer o júri. Por essa razão, puderam concretizar a pretensão de pisar o palco do Scala. Dessa centena de crianças, 23 concorrentes chegaram à final do concurso infantil. Cinco foram as grandes vencedoras, é verdade, mas houve tantas que provaram ter qualidade para o efeito. São os casos de Kayanne Machavane, da categoria de dança, que teve a classificação 19 ponto, dos 20 possíveis. Na final, Kayanne soube dançar com paixão e mostrou porque ali estava. As irmãs do teatro, Ramla e Gleyse Semkiwa, hoje, recuperaram uma peça que reflecte as peripécias que colocam vizinhos em querelas. Embora conhecido, o texto gerou muitas gargalhadas, sobretudo dos mais velhos, que se divertiram como se aprendessem a ser crianças novamente.

Uma das grandes actuações do último espectáculo do MOZKIDS foi a de Igor Sobral, concorrente de instrumentos musicais que se fez acompanhar por um saxofonista. Foi algo de incrível o que o baterista fez, a ultrapassar a perfeição, no mesmo ritmo que Ana Milena, menina de poesia interventiva, que escolheu se despedir com o poema “Nhandayeyo”. E ainda houve Tamires Moiane, do canto, quem, imortalizando Witney Houston, interpretou “I will always love you”.

Além dos primeiros classificados, os segundos concorrentes mais votados de cada categoria também foram premiados: Anaís Macaringue (dança), Fernanda Raimundo (teatro), Fernando Tinosse (instrumentos musicais), Edmilton Chau (poesia) e Juelma Moiane (canto). Estas crianças foram distinguidas com um tablet, kit e subscrição da ZAP e internet durante seis meses.

Não obstante, conforme o júri anunciou na quinta gala, a final contou ainda com alguns concorrentes eliminados no concurso. Um ou uma dupla de cada categoria. Assim, “A turma do Malume” voltou a estar em cena, deixando uma confissão: “Eu não vim ao MOZKIDS para ganhar. Está bem que há prémios e tal… mas vim para mostrar a Moçambique que eu e Melvin temos um talento”. As falas sábias são de Denyel, uma das grandes revelações do concurso.

UM ESPECTÁCULO DENTRO DE OUTRO

Mesmo para animar a festa das crianças, que começou com o casting bem concorrido há mais ou menos dois meses, a organização do concurso convidou alguns artistas para actuaram no Cine Scala. O escritor Calane da Silva uniu-se à causa do grupo SOICO e BancABC e partilhou a sua vocação com os “kids”, declamando um poema em ode aos grandes “peregrinos da palavra” que o país perdeu, apenas fisicamente, para morte. Além de Calane, actuaram no MOZKIDS Talents Neyma, Ubakka – quem se comprometeu em produzir uma música para a vencedora de canto –, o grupo de teatro Madodas e More Jazz Big Band.

Fonte: opais.