“Houve retoma na África subsaariana mas não foi suficientemente rápida; ainda estamos longe dos níveis de crescimento anteriores à crise”, disse o economista chefe do Banco Mundial para a região de África, Albert Zeufack, acrescentando que “os governos africanos têm de acelerar e aprofundar reformas macroeconómicas e estruturais para alcançarem níveis de crescimento altos e sustentados”.
De acordo com o Pulsar de África, um relatório semestral que o Banco Mundial divulga sobre este continente, África deve crescer 3,6%, em média, nos próximos dois anos, essencialmente devido à expectativa de que os preços do petróleo e matérias primas se mantenham estáveis “e que os governos da região implementarão reformas para resolver os desequilíbrios macroeconómicos e impulsionar o investimento”.
O relatório, divulgado hoje em Washington no âmbito dos Encontros da Primavera, em conjunto com o Fundo Monetário Internacional (FMI), enfatiza a preocupação com o crescimento da dívida pública, que subiu significativamente desde a descida acentuada dos preços do petróleo e das matérias primas, desde o verão de 2014.
“A dívida pública relativamente ao PIB [Produto Interno Bruto] está a aumentar na região e a composição da dívida mudou, uma vez que os países afastaram-se das tradicionais fontes de financiamento concessional para outras baseadas no mercado”, lê-se no documento, que alerta que “o aumento do peso da dívida e a crescente exposição aos riscos de mercado suscitam preocupações quanto à sustentabilidade da dívida”.
Há cinco anos, havia apenas oito países com alto risco de sobre-endividamento, mas em março deste ano esse número mais do que duplicou, para 18, alerta o Banco Mundial.
No documento, os analistas reviram em alta o crescimento de Angola, antecipando agora uma subida de 1,7% este ano e uma aceleração até 2,4% em 2020, “alicerçada num sistema de alocação de reservas externas mais eficiente, aumento do acesso a moeda estrangeira, subida da produção de gás natural e a melhorias na conjuntura empresarial”.
As revisões ao cenário macroeconómico, continuam os analistas, não apagam a preocupação com o aumento dos rácios da dívida pública relativamente ao PIB: “Entre as três maiores economias da região – Angola, Nigéria e África do Sul -, os rácios “são particularmente elevados em Angola”, lê-se no documento que semestralmente analisa o andamento das economias africanas.
“A dívida pública em Angola ultrapassou os 75% do PIB em 2016 e deve ter chegado aos 75% em 2017; a maioria desta dívida foi contraída em moeda estrangeira e os credores são comerciais”, sublinha o Banco Mundial, concluindo que foi este “pesado fardo da dívida” que levou o Governo a sinalizar a intenção de querer reestruturar a dívida.
No relatório ‘Fiscal Monitor’, divulgado hoje pelo FMI, Angola aparece como tendo uma dívida pública de 65,3% em 2017, que subirá para 73% este ano, descendo depois gradualmente até aos 60,5% em 2023.