Escaramuças após fecho das urnas na Serra Leoa

Politica Internacional

Esta quarta-feira foi dia de eleições na Serra Leoa. A votação decorreu, no geral, de forma pacífica. Mas houve relatos de pequenas escaramuças depois do encerramento das assembleias de voto.

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A polícia de intervenção da Serra Leoa foi destacada para as ruas da capital Freetown, na quarta-feira (07.03), devido a escaramuças, alegadamente entre apoiantes dos dois principais partidos a concorrer às eleições gerais, o Congresso de Todos os Povos (APC, no poder) e o Partido Popular da Serra Leoa (SLPP).

Uma pessoa terá sido esfaqueada e transportada para o hospital, de acordo com a agência de notícias Associated Press.

O dia de votação decorreu, no entanto, de forma pacífica, sem registo de grandes incidentes. Em geral, as mesas de voto abriram cedo, às sete da manhã – houve apenas atrasos num número reduzido de mesas. Milhões de eleitores enfrentaram o sol quente e, em algumas províncias, as longas filas de espera, para escolher o novo Presidente do país entre um total de 16 candidatos. Este foi o quarto ato eleitoral na Serra Leoa depois do fim da guerra civil, em 2002.

Wahlen in Sierra Leone 2018

Longas filas para votar na Serra Leoa

Longas filas, alguns problemas

Em Gbense, no distrito de Kono, no leste do país, a assembleia de voto abriu à hora marcada, e não tardou até que se formassem filas intermináveis. Alguns eleitores queixaram-se das longas horas de espera. Na base destes atrasos estiveram problemas com o registo eleitoral.

“Acabámos por nos atrasar porque os nomes dos eleitores deviam estar organizados por ordem alfabética. No entanto, havia nomes que não constavam do registo e foi difícil identificá-los”, contou à DW o responsável pelo ato eleitoral em Gbense, Kai Kondeh.

Neste que é um dos distritos ricos em diamantes da Serra Leoa votam cerca de 300 mil pessoas. A cerca de 400 quilómetros da capital Freetown, Kono é um dos distritos menos desenvolvidos do país e muitos dos eleitores aqui residentes pedem mudanças.

“O que tenho visto é lamentável. Por isso, quero alguém que possa levar este país para a frente, alguém que conheça os constrangimentos e as preocupações da população”, afirmou um eleitor, Uniser Sesay.

Além dos dois principais partidos

Natural de Kono, o ex-vice-Presidente Samuel Sam Sumana, candidato da Coligação para a Mudança, goza aqui de uma confortável maioria.

Em 2012, quando Samuel Sam Sumana concorreu às eleições ao lado do Presidente Ernest Bai Koroma, o APC ganhou em Kono com grande vantagem. Mas depois de Komona ter demitido Sumana em 2015, o apoio dos habitantes de Kono está agora do lado da Coligação para a Mudança, liderado pelo seu conterrâneo.

Uniser Sesay, por exemplo, não tem dúvidas de que Samuel Sam Sumana é a escolha ideal para a Serra Leoa: “Ele é um filho da terra. Conhece os problemas das pessoas e o distrito de Kono. Ele foi vice-Presidente do país. Por isso, conhece as nossas restrições.”

No entanto, Sumana não é apontado como um dos vencedores. Os dois candidatos que devem reunir mais votos são Samura Kamara, do partido no poder, e Julius Maada Bio, candidato da oposição SLPP e que foi derrotado nas eleições de 2012.

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Mais de 3 milhões de pessoas foram chamadas a votar nestas legislativas e presidenciais

Segunda volta das presidenciais?

A hipótese da realização de uma segunda volta ainda em Março é apontada como a mais provável pelos especialistas, que entendem ser difícil que qualquer um dos candidatos reúna 55% dos votos.

No final desta quarta-feira, a Comissão Nacional de Eleições fez um balanço positivo da votação, afirmando que não foram registadas situações alarmantes.

Em declarações aos jornalistas, após votar, o Presidente Koroma também se mostrou satisfeito pela realização bem sucedida de mais um “processo democrático”.

“No final do dia, seja qual for o vencedor, tornar-se-á Presidente. Iremos felicitá-lo e apoiar os novos funcionários do Estado”, afirmou.

Resultados parciais das eleições gerais deverão ser divulgados dentro de 48 horas. Só mais tarde serão conhecidos os resultados finais – o mais tardar, daqui a duas semanas.

Fonte: DW Africa